sábado, 11 de setembro de 2010

Doença do Prazer

“Com esta já são cinco”, falava ele antes de soltar o corpo ao chão, em um beco dos mais úmidos e mais escuros. Se houvesse alguém perto daquele ser poderia ver suas veias a pulsar vigorosas no contorno de suas mãos, o ar no ambiente, para ele, estava agradável, tanto que aquele que o olhasse de perto, diretamente em seu rosto iria ver que ele estava a transpirar muito, e com um sorriso, um leve sorriso, prazer talvez, satisfação quem sabe, não, com certeza era um sorriso de...

Ele era imprevisível, dois dias antes havia tido a sua quarta experiência, talvez seu sorriso não fosse tão gostoso como foi da quinta, mas devo claro levar em conta que as primeiras vezes sempre são as mais difíceis, até para alguém como ele que tem claramente algum tipo de perturbação. Ou não, alguns dizem ter senso de justiça, claro que a palavra matar nem sempre é assimilada perfeitamente junto à justiça, mas não temos isto como caso, o que quero falar aqui é sobre sua quarta vitima, talvez onde houve a maior mudança, ao pegar aquela mulher pelos cabelos e com as mãos tapar sua boca, havia algo bem diferente.

Na terceira experiência ele ainda demonstrava medo, não conseguia sorrir em hipótese alguma. Naquele caso ele pegou a senhorita e a jogou dentro de seu carro no meio da rua, ela ainda viu pelo espelho que ele chorava, e tentou desesperadamente pedir para ser solta. Bobinha, ele não podia fazer isso, ele sempre repetia aquelas palavras, “me tiraram ela, assassinaram ela, estupraram ela, retiraram tudo que de mais precioso eu tinha, porque eu te soltaria, eu ouço a voz dela me pedir isso, ela quer que eu faça com as outras mulheres o que fizeram a ela, sim, ela sorri dizendo isso, ela é tudo para mim, então claro que eu vou fazer”. Mesmo assim ele ainda chorava.

O estranho é que na quarta garota ele já a pegou com um sorriso, não me veio à mente nenhuma atitude dele que pudesse explicar aquilo, e como a garota desmaiou com medo acabou por não fazer uma pergunta sequer, nem mesmo suplicar por ajuda.

Levou-a até um parque, que graças ao maravilhoso governo da cidade era pouco iluminado, perto das 2h da madrugada. Começava a arrastar aquela garota pelos cabelos, levando ela até uma árvore e a amarrando nesta em uma posição totalmente indecente, e com uma mordaça em sua boca.

Ela acordava engasgando-se com a quantidade de saliva que ela mesma produziu, estava ele sentado no chão olhando para ela, com um sorriso estranho, digamos até que sádico, “você me lembra ela”, talvez por isso a felicidade, mas não dou certeza, ele ergue-se com uma faca em sua mão direita, ela possuía algumas marcas de arranhão, bem o que posso dizer, ele não era muito querido entre suas vitimas.

Foi em direção a ela a despindo com o auxilio da arma branca, dela fez o que quis, sem que esta ao menos pudesse tentar reagir, após isto a soltou, era característica dele, deixando-a apenas com a mordaça, as deixava tentarem tomar alguma atitude, gostava de vê-las tentando revidar. De algum modo esta trouxe até um bom leque de idéias, o que feriu seu braço de uma maneira diferente das outras, além disto, deixou pela primeira vez um corte em outro local, até profundo em sua perna esquerda, algo que o fez sorrir, de certo ele é um sádico de primeira qualidade.

Mas de nada adiantava valentia, o ato anterior a deixava de certo modo vulnerável, apesar de querer fugir, suas forças eram reduzidas, principalmente após a tentativa de reação que normalmente exige grande quantidade de energia, ela acabavam por ceder, não tentavam gritar mais, nem chorar, elas apenas aceitavam.

Ele pegava então sua quarta vítima, a erguia pelo pescoço, e como última palavra ele disse: “Mais uma para ti meu amor. Que bom que esta feliz, eu também estou, afinal estou fazendo isso por ti”, e com um leve movimento de sua faca, terminava o ato, sorrindo, mas desta vez, mais que antes, desta vez ele deixou de ser apenas um vingador, para um estripador, digno de um filme, digno do título, um sádico em potencial, ou apenas mais um homem apaixonado.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Rotina da Solidão

*Uma porta se abre, ele entra, aproxima-se de uma pequena cômoda deixando algo.

Sabe... Eu estive lembrando aquele dia que fomos ao parque enquanto vinha para cá, você estava toda alegre, pois iria pela primeira vez a um encontro, lembra disso? A todo instante você lembrava isso para mim, com um sorriso estampado no rosto, era simplesmente mágico.

Andamos o dia todo por lá, vimos os animais e você até ficou com pena por estarem em cativeiro, me lembro quando você segurou no meu braço bem forte dizendo, “Ah! Porque eles deixam os animaizinhos presos, eles são tão mais felizes livres”, eu sorri com sua ingenuidade, mas era compreensível, você mal havia saído de casa até aqueles dias, passava muito tempo presa, isso eu tenho certeza.

Ah! Você lembra também do nosso primeiro jantar em família, foi hilário, meu pai começou a contar aquelas velhas histórias sobre o que o exército brasileiro fez durante a primeira guerra, seus pais pareciam adorar, e eu ainda mais adorando aquilo, pois sempre que te olhava, via seu sorriso novamente, nada poderia pagar aquele sorriso para mim, perfeito, terminamos aquele dia felizes, pois nossos pais mostraram que apoiavam nosso relacionamento.

*Ele vai até a janela, começa a olhar tudo do lado de fora.

Você tem uma vista maravilhosa daqui, um grande jardim, um céu tão vasto, além de que deve receber muitas visitas, eu soube que o Jorge veio aqui por esses dias, faz tanto tempo que não falo com ele, desde o colégio, tenho até que ligar, marcar algo, uma cervejinha, quem sabe, ai iria eu, você, ele e a Flávia mulher dele.

*Volta-se novamente a ela, sorrindo senta-se próximo e a segura pela mão.

Temos que voltar a ir ao parque, ter mais jantares em família, sair com nossos amigos, tudo isso é tão divertido.

*Uma suave lágrima escorre, caindo sobre a mão do casal.

Deixa-me ver teu sorriso mais uma vez, aproveita este dia tão lindo e me deixa ver novamente teu doce sorriso, que há tempos não tenho mais visto.

*Mais lágrimas, ele pega um buquê, que havia trazido consigo, levantando-se retira as antigas rosas as substituindo pelas novas.

Lembro-me também de quando você foi cheirar aquela rosa toda feliz, dizendo o quanto adorava flores e aquela abelha saiu te perseguindo, você estava apavorada, e desculpe, mas eu não conseguia parar de rir da situação, devo ser um péssimo namorado não?

*Entra no quarto uma mulher.

Senhor, já terminou o horário de visitas, deve se retirar para que ela possa descansar.

*Ele ainda de pé, senta-se novamente na cadeira ao lado da cama, segurando sua mão, a traz até seu rosto a beijando, sorri olhando a face dela, tão calma ali deitada, sem ter aberto seus olhos, e ele sorri, ergue-se indo até a porta e lá parando, volta seu rosto para ela.

Até amanhã.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Repulsão, mas até onde?

- Para de me seguir, já disse que não te quero perto de mim.

Mas ela continuava não me deixava respirar, o colégio já não era um local agradável, meus amigos reclamavam que eu não tomava atitude, mas o que eu poderia fazer? Bater nela, matar ela, eu não faria algo assim, não conseguiria.

Faz dois anos desde que ela começou com isso. No começo pareceu ingenuidade, veio com uma cartinha, depois começou a tentar se enturmar era até legal, ela é uma garota bem bonitinha, mas não fazia meu tipo, eu sempre procurei aventuras, e ela, estava fácil demais.

O problema foi quando ela resolveu se declarar abertamente, disse que me amaria para todo sempre, e várias palavras tão idealizadas que começaram a me dar nojo.

Fui até ela e pedi que nunca mais fizesse aquilo, ela parecia não me ouvir, seus olhos demonstravam obstinação, me pareciam até o olhar de uma louca, mas claro não disse isso a ela, apesar de tudo ela já fazia parte do meu grupo e seria ruim toda esta situação ali entre eles.

Não parou, o que eu disse realmente entrou por um ouvido e saiu pelo outro, ou por onde seja, ela começou a querer me perseguir, ela andava ao meu lado dizendo o quanto me amava, já estava ficando chato. Ela me seguia até em casa, não poupava esforços para tentar me conquistar, mas já estava se tornando uma obsessão, e isso me irritava.

Ao sair do colégio eu corria, com a intenção de não dar tempo de ela me encontrar, do que adiantava? Ela sempre estava a minha espera, às vezes eu pensava até que ela deixava de assistir as aulas à espera deste momento.

Tentei novamente falar com ela, frustrante, até meus amigos já estavam se irritando e falaram com ela... nada, ela parecia não querer ouvir ninguém, ela criou um desejo obsessivo insuportável por mim, e eu já não sabia o que fazer, até que um dia algo diferente aconteceu, eu ouvia berros, gritos, uma multidão estava se juntando em frente ao bloco em que eu estudava, este que também era o mais alto.

Fui correndo por curiosidade ver o que acontecia. Era ela, estirada ao chão, escutei algumas pessoas sussurrarem que ela havia se jogado gritando meu nome, eu entrei em pânico, como aquela garota faz algo como aquilo, fui logo até o diretor e conversei com ele, fui aconselhado a falar com a polícia quando chegasse, fiquei a espera na sala do diretor até que alguns policiais vieram e conversaram comigo sobre toda a situação, fui chamado para depor três dias depois, e no fim das contas nada aconteceu comigo, bem, talvez tenha.

Dias chatos se sucederam, nada de novo, nada de interessante, era irritante estar com todos, nada ali me alegrava, ao contrário, eu me sentia mal, alguns vinham perguntar o que estava acontecendo, eu definitivamente não sabia.

Não, eu sabia sim, era ela, o que me faltava ali era aquela pessoa que todos os dias demonstrava seu amor por mim, nunca aparentava desistir, como ela resolveu se jogar? – lágrimas caem sobre o papel – Eu demorei a entender, ela me fazia bem, diante de tantas pessoas que mentiam sempre para mim, ela era sempre tão verdadeira, mas porque ela se matou, ela sempre foi tão forte... é, só pode ser dela que eu sinto tanta falta, então esta na hora de parar com isto, vou atrás dela, isso, vou corrigir meu erro, pedir desculpas a ela, dizer que a amo, sim, essa é a única escolha a fazer... lá vou eu...

** Uma folha de papel caia na varanda do último andar de um edifício de 23 andares, talvez pareça sugestivo o número, talvez isso realmente seja apenas um jogo de azar, ou como em um filme estrelado por Jim Carrey, mas se o que a religião diz for verdade, eles vão se encontrar, pois dois suicidas devem ir ao mesmo lugar, sofrer juntos, e quem sabe... bem o resto vocês já devem supor **

segunda-feira, 26 de julho de 2010

O que leva uma pessoa a mentir ou aceitar uma falácia?

“Ah! Como você está linda hoje.”

Se você for uma mulher feia, saiba aquela pessoa está tentando te agradar. As mentiras existem em vários formatos e gostos, podem vir como este exemplo com o intuito de erguer a auto-estima de alguém, pode vir com um interesse ou apenas na tentativa de escapar de uma enrascada, o único problema disto tudo é que continua sendo uma mentira, ou seja, você esta sendo enganado.

Imaginemos aquela clássica situação, você com seus amigos jogando bola na rua, vêem por algum motivo a bola sair voando em direção certeira a uma janela, a do vizinho, qual a primeira coisa que você pensaria? “Eu não joguei a bola, não tenho nada haver com isso.” Pois é você realmente não jogou a bola, mas participou da brincadeira, e agora como faz? Simplesmente você é levado a mentir, neste caso pelo medo do que pode te acontecer.

Não devemos também nos iludir, todos nós mentimos algumas vezes, não vou dizer que ela não é necessária, mas as palavras poderiam não levar a mentira, mas sim a omissão quem sabe, seria menos drástico, até talvez menos doloroso.

O problema da mentira mesmo assim não se encontra nessas coisas menores, mas sim quando tem algum interesse por trás, mentir, por exemplo, é um dos meios mais práticos de se conseguir fama e prestígio, entre amigos ou dentro de sua empresa, as pessoas que utilizam desse tipo de recurso normalmente não sentem o mínimo remorso, definitivamente eu também não iria sentir se eu saísse por cima na situação, mas não é este o caso.

O caso é o tipo de mentira mais usado é exatamente este, vencer na vida não é fácil para ninguém, então qualquer artifício pode ser utilizado, bem isso é o que nós, meros humanos, pensamos, afinal, quem de nós nunca pensou pelo menos em uma mentirinha para, por exemplo, ganhar uma namorada ou namorado?

Além das mentiras que contamos também tem outro tipo de mentira que circula todos os dias na nossa vidinha. Como assim não entendeu que tipo é este? Ligue sua televisão. Pronto, a partir de agora você será bombardeado em massa por mentiras. E eu não falo de mentiras em noticias ou coisas do gênero, eu falo de mentiras mais bobas, como nas simples novelas, onde tudo no fim acaba sendo perfeito. Os vilões têm um final triste, e os mocinhos acabam juntos felizes para sempre.

Esse tipo de idealização acaba atingindo principalmente aquela dona de casa, aquela mesmo que de algum modo se sente frustrada com o casamento, ou qualquer outro motivo, e queria ter uma vida bem mais dinâmica e feliz, o problema é que este tipo de mentira afeta não apenas a elas, mas a qualquer pessoa que se der ao luxo de parar para assistir uma novela, ou qualquer coisa que a televisão mostrar.

Então, o que nos leva a mentir ou aceitar uma falácia? Talvez seja conveniência, tudo acaba mais fácil, mesmo que nem sempre para aquele a quem você dirige a mentira, ou para aquele que acredita que sua vida é tão perfeita quanto à novela.

Bem, no fim das contas não irei criticar quem mente, todos nós mentimos, é da nossa natureza, mas faço aqui um pedido, se você não sabe mentir com o intuito de melhorar algo, só contando suas histórias para sair por cima em alguma situação, se você for um destes, nunca mais fale ao menos para sua amada companheira, que no último natal devido às guloseimas ganhou uns quilinhos, que ela continua magra e perfeita como você a conheceu.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Pensadores(2)

Mais uma sequência de pensadores e suas frases, aproveitem da melhor maneira:

"Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, no que respeita ao universo, ainda não adquiri a certeza absoluta."
Albert Einstein

"Sede como os pássaros que, ao pousarem um instante sobre ramos muito leves, sentem-nos ceder, mas cantam! Eles sabem que possuem asas."
Victor Hugo

"Pensamentos valem e vivem pela observação exata ou nova, pela reflexão aguda ou profunda; não menos querem a originalidade, a simplicidade e a graça do dizer."
Machado de Assis

"Nada é mais repugnante do que a maioria, pois ela compõe-se de uns poucos antecessores enérgicos; velhacos que se acomodam; de fracos, que se assimilam, e da massa que vai atrás de rastros, sem nem de longe saber o que quer."
Johann Goethe

"As paixões são os ventos que enfunam as velas dos barcos, elas fazem-nos naufragar, por vezes, mas sem elas, eles não poderiam singrar."
Voltaire

terça-feira, 13 de julho de 2010

Chuvas e Sensações

Os sons dos sapatos ecoavam nas ruas de Newcastle, cada pisada mais triste do que outra, a chuva vinha a limpar tudo, até mesmo seu sorriso parecia escorrer por seu corpo a cada pingo de chuva que vinha em seu rosto tão abatido, lágrimas se misturando com a chuva, dando um sabor tão amargo a cada soluço.

Parou em um beco escuro, de um lado a entrada e do outro lado uma parede, que mostrava a ele que não poderia fugir daquilo.

Ele via as sombras, uma após a outra passar diante dele, e continuava a chuva. A cada sombra uma lembrança também surgia.

Das primeiras palavras do primeiro beijo, da primeira troca de calor, um calor tão bom, que só pode ser criado no mais próximo dos contatos.

Mas também apareceram as lembranças das mentiras, das traições, ver a amada em um lugar com outro nunca é algo incrível, pior ainda se for com o seu melhor amigo, o que torna esta uma situação tão clichê.

Continuava, seus olhos iam ao céu, nada era visível, as nuvens tampavam qualquer luz diferenciada, da lua ou do sol e já não tinha mais a noção do tempo que se passava. Cabeça caída, o olhar no chão, vazio, o que mais procurar se aquilo que mais amava não mais pertencia a ele...

Se bem que nunca pertenceu. Começou a lembrar dos primeiros sorrisos dela, pareciam tão doces, e desde que se separaram, deixaram de ser tão vivos, já dizia um poeta que “se queres saber o quanto fazes sua amada feliz, compare seus sorrisos, no passado, e hoje”, o que teoricamente deveria ser aquilo o que ele daria a ela, a felicidade.

“Nunca a fiz feliz”, foi o pensamento que teve antes de simplesmente sorrir... “O que fiz por ela então?”... Levantou-se, e começa a andar rumo a sua casa. Chegando, vê uma mensagem na secretária, ignora, mas deixa um último bilhete. Num ato de puro egoísmo, dá fim à própria existência.

Dias depois, seu corpo é encontrado sentado ao lado da cama, agarrado a um travesseiro e ao seu lado uma carta e quem a pega é a suposta amada.

“Eu nunca te fiz feliz, o que eu estava tentando fazer então? Eu era tão egoísta assim, tão inútil assim? Se eu não posso te fazer bem, do que adianta? Ficam aqui as últimas palavras de alguém que nada fez do que planejou um dia. Seja feliz, eu estarei acompanhando e tentando te ajudar de onde eu estiver.”

Uma lágrima é derramada e ela logo se lembra de algo. Corre até a sala, vê que ainda tem uma mensagem na secretária e deixa rolar.

“Sei que errei, eu tinha medo do que fazia, pois nunca quis te perder, você me faz feliz, então, por favor, me dê ao menos uma chance de corrigir o meu erro. Desculpa, apenas quero que você me faça sorrir de novo, como só você conseguiu, até breve."

domingo, 11 de julho de 2010

Lendo, colhendo e melhorando

Eu sempre busquei ler, ouvir pensamentos ou ideais de quem pudesse ter algo a me ensinar, buscando sempre o melhor daquilo, e tentando criar em cima disto meus próprios conceitos e valores, devido a isto, decidi criar aqui em meu blog um espaço para alguns dos grandes gênios da humanidade, seus pensamentos. Sem mais delongas, aqui estão alguns:


"O homem sem princípios é também comumente um homem sem caráter; pois, se tivesse nascido com caráter, teria experimentado a necessidade de criar princípios para si."
Sébastien-Roch Chamfort

"Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha, é porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra! Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha e não nos deixa só porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós. Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso."
Charles Chaplin

"Se tivesse acreditado na minha brincadeira de dizer verdades teria ouvido verdades que teimo em dizer brincando, falei muitas vezes como um palhaço mas jamais duvidei da sinceridade da platéia que sorria."
Charles Chaplin

"Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com freqüência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar."
William Shakespeare

"Ter-se vergonha da sua imoralidade: é um degrau na escada em cujo extremo se tem também vergonha da nossa moralidade."
Friedrich Nietzsche

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Não quero troco.

- Quer mais alguma coisa, senhor?

- Não, obrigado. Traga-me a conta, por favor.

Estava ali, tomando seu café e olhando pela janela ela indo embora, mesmo quem estava lá não poderia imaginar o quanto ele estava triste, as últimas palavras ditas por aquela moça o afetaram de uma maneira até estranha.

- Não é bem assim... Eu estive falando com o Daniel e acabei lembrando-me de algumas coisas.

- Ah, moça... Você ainda o ama e sabe disso.

- Não é amor, eu já te disse. É algo diferente, algo que não consigo explicar mesmo que eu tente, mas eu sei quando não é amor.

Para ele não havia nenhuma necessidade de explicação, sim era amor, aquela garota nunca conseguia perceber os reais sentimentos que tinha, tentava criar coisas, ideais, paixões que nunca iriam superar o que ela sentia por aquele homem.

O sorriso dela já não bastava, ele queria mais. Já havia escutado da boca dela tantas vezes um “eu te amo”, já havia sentido o calor do corpo dela tantas vezes, mas em nenhuma das vezes conseguiu achar que aquilo era o certo, ele não sentia preencher o vazio dentro de si, procura algo que pudesse amar, e via ali partir alguém que ele simplesmente queria ao seu lado, embora soubesse que provavelmente nunca teria, afinal, ele não tem nada de diferente para oferecer.

Pega a conta do café-bar, seu casaco que estava na cadeira e deixa sobre a mesa uma quantia, até maior do que a necessária e sai, sem esperar pelo troco, sem esperar por nada.

Andando pela cidade e olhando o céu totalmente distraído, houve um momento que por sua distração poderia até ter causado um acidente. Ao chegar à praia, procura um ponto na orla onde pudesse ficar só. Estrelas atraiam sua a mente, sendo uma mais bela que a outra, até as mais simplórias, para ele se tornavam perfeitas. Ele via a lua surgir ao longe, era minguante, dava para ver apenas meia-lua, alaranjada ainda.

Começava a pensar em tudo, nos amigos, parentes, amores, presente e passado, e a pensar o que o impedia de ali se jogar no mar, deixando as águas levarem-no para onde for, de preferência apenas seu cadáver, sujo e infeliz.

Um último sorriso, um último pensamento ergue-se no banco onde estava sentado, vira-se de costas e estira os braços.

Andando devagar, voltando às calçadas, olha uma última vez para o céu e para o mar, um último olhar no seu coração e na sua mente... Existem muitas pessoas que iriam sofrer se eu partisse, eu fico por eles, e por ninguém mais.

Sorriu, e apenas andando, andando sem falar, sem pensar, sem mais nada, esperando um único momento, o de poder abraçar alguma dessas pessoas e poder chorar, chorar tudo que precisa e simplesmente desabar nos ombros de alguém importante. Sendo um “Obrigado” a única coisa que diria, o último pensamento que iria querer ter.