terça-feira, 13 de julho de 2010

Chuvas e Sensações

Os sons dos sapatos ecoavam nas ruas de Newcastle, cada pisada mais triste do que outra, a chuva vinha a limpar tudo, até mesmo seu sorriso parecia escorrer por seu corpo a cada pingo de chuva que vinha em seu rosto tão abatido, lágrimas se misturando com a chuva, dando um sabor tão amargo a cada soluço.

Parou em um beco escuro, de um lado a entrada e do outro lado uma parede, que mostrava a ele que não poderia fugir daquilo.

Ele via as sombras, uma após a outra passar diante dele, e continuava a chuva. A cada sombra uma lembrança também surgia.

Das primeiras palavras do primeiro beijo, da primeira troca de calor, um calor tão bom, que só pode ser criado no mais próximo dos contatos.

Mas também apareceram as lembranças das mentiras, das traições, ver a amada em um lugar com outro nunca é algo incrível, pior ainda se for com o seu melhor amigo, o que torna esta uma situação tão clichê.

Continuava, seus olhos iam ao céu, nada era visível, as nuvens tampavam qualquer luz diferenciada, da lua ou do sol e já não tinha mais a noção do tempo que se passava. Cabeça caída, o olhar no chão, vazio, o que mais procurar se aquilo que mais amava não mais pertencia a ele...

Se bem que nunca pertenceu. Começou a lembrar dos primeiros sorrisos dela, pareciam tão doces, e desde que se separaram, deixaram de ser tão vivos, já dizia um poeta que “se queres saber o quanto fazes sua amada feliz, compare seus sorrisos, no passado, e hoje”, o que teoricamente deveria ser aquilo o que ele daria a ela, a felicidade.

“Nunca a fiz feliz”, foi o pensamento que teve antes de simplesmente sorrir... “O que fiz por ela então?”... Levantou-se, e começa a andar rumo a sua casa. Chegando, vê uma mensagem na secretária, ignora, mas deixa um último bilhete. Num ato de puro egoísmo, dá fim à própria existência.

Dias depois, seu corpo é encontrado sentado ao lado da cama, agarrado a um travesseiro e ao seu lado uma carta e quem a pega é a suposta amada.

“Eu nunca te fiz feliz, o que eu estava tentando fazer então? Eu era tão egoísta assim, tão inútil assim? Se eu não posso te fazer bem, do que adianta? Ficam aqui as últimas palavras de alguém que nada fez do que planejou um dia. Seja feliz, eu estarei acompanhando e tentando te ajudar de onde eu estiver.”

Uma lágrima é derramada e ela logo se lembra de algo. Corre até a sala, vê que ainda tem uma mensagem na secretária e deixa rolar.

“Sei que errei, eu tinha medo do que fazia, pois nunca quis te perder, você me faz feliz, então, por favor, me dê ao menos uma chance de corrigir o meu erro. Desculpa, apenas quero que você me faça sorrir de novo, como só você conseguiu, até breve."

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