sábado, 24 de setembro de 2011

- Alô?

- E ai cara, vamo dar uma saida?
- Não dá, tenho coisas a resolver.
- Tudo bem entao, – deu pra notar a decepção na voz do outro lado da linha – agente se fala outra hora.

*Click*

“De fato não tenho nada para resolver, vou passar o dia todo aqui sentado em frente a esse PC lendo besteiras na internet ou ouvindo música, quem sabe vendo uns pornôs para tentar relaxar.”

“Eu não sei meus próprios motivos, mas já faz algum tempo que eu me sinto preso a algo que não sei nem por onde começar a resolver. Não acho que as pessoas vão continuar me procurando, eu não tento me esforçar para mudar isso.”

“As vezes eu sinto que eu não fui preso e sim que eu me prendi, algumas memórias do passado e as situações do meu presente me deixam completamente alheio a alguns sentimentos, sentimentos por pessoas que para mim são importantes, como amigos e família, todos aqueles que sentem algum carinho por mim, mas que as vezes meu gênio faz com que eu os ignore e finja que eles não sintam nada.”

“Sim é verdade, eu minto para mim todos os dias, digo para mim mesmo que ninguém gosta de mim, que tudo o que eles sentem é pena de alguem tão recluso quanto eu. Por que mentir assim? Gostaria sinceramente de entender. E gostaria de entender principalmente na hora em que vejo o olhar destas pessoas com certa decepção para o meu lado, quando esperam alguma atitude positiva e eu apenas falo de maneira calma e muito direta que as coisas já são positivas, com um sorriso na face.”

“Eu já me vi sorrir tantas vezes, que aprendi como fazer isso mesmo sem querer fazer, na verdade não sei se isso seria motivo de orgulho, mas eu me tornei um belo mentiroso, as vezes eu consigo, de tão bom que sou, mentir para mim mesmo, que aqueles sentimentos falsos são reais, que aquele sorriso que eu dei foi real, que aquele carinho que nãp sinto por outra pessoa é real, eu vivo em meio a uma mentira criada por mim mesmo, me escondendo dentro dela, talvez por ser mais fácil de administrar assim, quando você mente assim, você consegue suportar qualquer tipo de pancada, pois no fim das contas tudo que irá sentir, você mesmo ja sabe que é uma mentira.”

“Mas as vezes isso cansa, as vezes você quer sorrir de verdade, completamente cercado por todos aqueles que te demonstram afeto e respeito, mas você foge, pois tem medo que seu mundo perfeito, sua mentira, tudo o que você construiu e se acostumou a viver, que tudo isto suma, sem deixar rastros, e que toda a sua realidade seja jogada de uma vez na sua cara, todos os seus medos e receios, todas as suas memórias arrebatam sua alma, você tem medo que tudo isto destrua você mesmo, ainda mais que as mentiras que você criou.”

“Então como me deixei cair nisso? Desde o começo sabia de tudo isso e nada fiz, deixei acontecer, deixei toda esta farsa que chamo de vida se apossarem de mim, chegar a um ponto que mesmo sabendo quem se importa comigo, eu não saber com quem me importo de verdade, olhar para alguém, dar um conselho, ajudar aquela pessoa como posso, mas no fim não conseguir me ajudar.”

“Ficam medos e desejos nesse tipo de vida, quando se segue deste modo seu maior medo é o de acabar sozinho, que toda esta sua farsa caia um dia por terra e que todos ao seu redor tenham desistido de ir atrás de você, tenham te deixado como alguém que não conseguiu ir em frente. Não deixem nunca sua vida chegar a este ponto, não se deixem dominar por uma mentira, lutem pelo que querem com um sorriso no rosto, mas não um apenas por sorrir, mas um sorriso de verdade, que mostre sua essência e sua alma junto com seus dentes. Lute por você e por aqueles que você ama ou gosta, lute por seus sonhos, por seus medos, nunca esqueça seu passado, mas nunca viva dele, nunca pare de andar mesmo que voce se machuque mais, sempre em frente, mesmo contra espinhos sempre é menos doloroso. Viva. Seja simples, pois é na simplicidade que se pode ver o que de verdade queremos ver, seja na simplicidade de alguem para ver como ele é de verdade ou nos objetos para que possamos entende-los plenamente.”

Um leve sorriso para o que acaba de escrever, abre seu facebook e vê quem está online, mas não fala com ninguém. Desliga tudo, fecha o notebook e vai deitar, ou apenas olhar as estrelas.


PS.: É apenas um conto!!!! XD

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Alma de Fantoche

Alguma vez na vida você já deve ter se sentido um fantoche, nas mãos de algum chefe, de um “amigo” ou nas mãos de uma pessoa amada.

Pois agora vou contar uma história diferente, a história de um fantoche de verdade, um daqueles de madeira, ocos, vazios.

O nosso pequeno herói vivia dentro de uma pequena maleta, repleta de escuridão diária, mas neste pequeno ser havia algo diferente, apesar de não poder se mover, ele podia ver e possuía sentimentos, como eu ou você caro leitor.

Ele via além da escuridão de sua moradia todo um festival de pessoas, de todos os tipos que ficavam a assistir sua apresentação, ele apesar de se divertir neste momento não se sentia muito bem, faltava algo nele, o que pode parecer incoerente, mas lhe faltava uma alma, alma que ele pensou ter visto com sua nova controladora, uma garota encantadora, cujo foi entregue após o desaparecimento de seu antigo senhor, período o qual ele fora retirado 2 ou 3 vezes da maleta apenas para se retirar a poeira, até que fora retirado pela jovem, com um sorriso na face e os olhos brilhando, ele se viu amado, apesar de nunca ao menos ter visto aquela pequena, mas seu nome lhe soou familiar, e um traço de memória foi vindo aos poucos, e ele foi reconhecendo a jovem de seus 11 a 13 anos, era a sobrinha do seu antigo dono, que ainda era uma garotinha da ultima vez que a havia visto, não deveria ter mais de 5 anos, quanto tempo havia passado preso? Ele estava perdido no tempo, mas sabia que estava agora em boas mãos.

Todos os dias era retirado da sua moradia para o ar livre, já não via mais o mesmo público de antes, sempre mudando, agora eram sempre os mesmos 5 amigos e amigas da garota, por quem sentia muito mais felicidade em se apresentar. Ele relembrava com o método de apresentação da garotinha as histórias que com seu antigo dono se apresentava ao público, e algumas que eram apenas para a menininha que sorria sempre, e que mesmo diante da repetição delas, sempre se surpreendia no final. Mas o tempo passa, e aos poucos um a um os amigos dela foram deixando de aparecer, pois já não havia mais piadas novas, ou brincadeiras para um velho fantoche apresentar, aos poucos passou a ser retirado uma vez na semana, uma vez ao mês, uma vez ao ano, até que se viu preso por um longo tempo novamente, anos se passaram sem que sua maleta fosse aberta, já não sabia ao menos se lembravam de sua existência.

Porém quando já acreditava estar ali a tempo suficiente para nunca mais ver a luz, ouviu sua maleta ser aberta, a felicidade lhe brotava, mesmo que imperceptível aos olhos de quem fosse uma mulher, mais de 30 anos ao lado de uma garotinha que lembrava muito a sobrinha de seu primeiro mestre, esta que sorria com o mesmo brilho no olhar, mas como? Como aquela menina ficou mais nova, isto não faz sentido algum, então percebeu que estava sendo entregue a ela... sua alma palpitava, mas não do mesmo jeito, ele observou a mulher mais velha e viu dela uma lágrima escorrer, e ao cair no chão tal lágrima ele reconheceu aquele sorriso, que tantas vezes havia visto, era sua pequena dona, ela estava de pé, tão bela, aquela jovem deveria ser sua filha, agora tudo começava a fazer sentido, ele ganhava uma nova dona, sua alma deveria mudar-se para a jovem garotinha, até o dia que seria novamente esquecido, esperando um novo alguém chegar, é um ciclo vicioso estranho, mas para ele estava bom, pois sabia que mesmo no escuro por muito tempo, um dia iria voltar a ver a luz e um belo sorriso, e quem sabe até mesmo um público, para quem pudesse ao menos mais uma vez se apresentar.