segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Repulsão, mas até onde?

- Para de me seguir, já disse que não te quero perto de mim.

Mas ela continuava não me deixava respirar, o colégio já não era um local agradável, meus amigos reclamavam que eu não tomava atitude, mas o que eu poderia fazer? Bater nela, matar ela, eu não faria algo assim, não conseguiria.

Faz dois anos desde que ela começou com isso. No começo pareceu ingenuidade, veio com uma cartinha, depois começou a tentar se enturmar era até legal, ela é uma garota bem bonitinha, mas não fazia meu tipo, eu sempre procurei aventuras, e ela, estava fácil demais.

O problema foi quando ela resolveu se declarar abertamente, disse que me amaria para todo sempre, e várias palavras tão idealizadas que começaram a me dar nojo.

Fui até ela e pedi que nunca mais fizesse aquilo, ela parecia não me ouvir, seus olhos demonstravam obstinação, me pareciam até o olhar de uma louca, mas claro não disse isso a ela, apesar de tudo ela já fazia parte do meu grupo e seria ruim toda esta situação ali entre eles.

Não parou, o que eu disse realmente entrou por um ouvido e saiu pelo outro, ou por onde seja, ela começou a querer me perseguir, ela andava ao meu lado dizendo o quanto me amava, já estava ficando chato. Ela me seguia até em casa, não poupava esforços para tentar me conquistar, mas já estava se tornando uma obsessão, e isso me irritava.

Ao sair do colégio eu corria, com a intenção de não dar tempo de ela me encontrar, do que adiantava? Ela sempre estava a minha espera, às vezes eu pensava até que ela deixava de assistir as aulas à espera deste momento.

Tentei novamente falar com ela, frustrante, até meus amigos já estavam se irritando e falaram com ela... nada, ela parecia não querer ouvir ninguém, ela criou um desejo obsessivo insuportável por mim, e eu já não sabia o que fazer, até que um dia algo diferente aconteceu, eu ouvia berros, gritos, uma multidão estava se juntando em frente ao bloco em que eu estudava, este que também era o mais alto.

Fui correndo por curiosidade ver o que acontecia. Era ela, estirada ao chão, escutei algumas pessoas sussurrarem que ela havia se jogado gritando meu nome, eu entrei em pânico, como aquela garota faz algo como aquilo, fui logo até o diretor e conversei com ele, fui aconselhado a falar com a polícia quando chegasse, fiquei a espera na sala do diretor até que alguns policiais vieram e conversaram comigo sobre toda a situação, fui chamado para depor três dias depois, e no fim das contas nada aconteceu comigo, bem, talvez tenha.

Dias chatos se sucederam, nada de novo, nada de interessante, era irritante estar com todos, nada ali me alegrava, ao contrário, eu me sentia mal, alguns vinham perguntar o que estava acontecendo, eu definitivamente não sabia.

Não, eu sabia sim, era ela, o que me faltava ali era aquela pessoa que todos os dias demonstrava seu amor por mim, nunca aparentava desistir, como ela resolveu se jogar? – lágrimas caem sobre o papel – Eu demorei a entender, ela me fazia bem, diante de tantas pessoas que mentiam sempre para mim, ela era sempre tão verdadeira, mas porque ela se matou, ela sempre foi tão forte... é, só pode ser dela que eu sinto tanta falta, então esta na hora de parar com isto, vou atrás dela, isso, vou corrigir meu erro, pedir desculpas a ela, dizer que a amo, sim, essa é a única escolha a fazer... lá vou eu...

** Uma folha de papel caia na varanda do último andar de um edifício de 23 andares, talvez pareça sugestivo o número, talvez isso realmente seja apenas um jogo de azar, ou como em um filme estrelado por Jim Carrey, mas se o que a religião diz for verdade, eles vão se encontrar, pois dois suicidas devem ir ao mesmo lugar, sofrer juntos, e quem sabe... bem o resto vocês já devem supor **

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