segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Alma de Fantoche

Alguma vez na vida você já deve ter se sentido um fantoche, nas mãos de algum chefe, de um “amigo” ou nas mãos de uma pessoa amada.

Pois agora vou contar uma história diferente, a história de um fantoche de verdade, um daqueles de madeira, ocos, vazios.

O nosso pequeno herói vivia dentro de uma pequena maleta, repleta de escuridão diária, mas neste pequeno ser havia algo diferente, apesar de não poder se mover, ele podia ver e possuía sentimentos, como eu ou você caro leitor.

Ele via além da escuridão de sua moradia todo um festival de pessoas, de todos os tipos que ficavam a assistir sua apresentação, ele apesar de se divertir neste momento não se sentia muito bem, faltava algo nele, o que pode parecer incoerente, mas lhe faltava uma alma, alma que ele pensou ter visto com sua nova controladora, uma garota encantadora, cujo foi entregue após o desaparecimento de seu antigo senhor, período o qual ele fora retirado 2 ou 3 vezes da maleta apenas para se retirar a poeira, até que fora retirado pela jovem, com um sorriso na face e os olhos brilhando, ele se viu amado, apesar de nunca ao menos ter visto aquela pequena, mas seu nome lhe soou familiar, e um traço de memória foi vindo aos poucos, e ele foi reconhecendo a jovem de seus 11 a 13 anos, era a sobrinha do seu antigo dono, que ainda era uma garotinha da ultima vez que a havia visto, não deveria ter mais de 5 anos, quanto tempo havia passado preso? Ele estava perdido no tempo, mas sabia que estava agora em boas mãos.

Todos os dias era retirado da sua moradia para o ar livre, já não via mais o mesmo público de antes, sempre mudando, agora eram sempre os mesmos 5 amigos e amigas da garota, por quem sentia muito mais felicidade em se apresentar. Ele relembrava com o método de apresentação da garotinha as histórias que com seu antigo dono se apresentava ao público, e algumas que eram apenas para a menininha que sorria sempre, e que mesmo diante da repetição delas, sempre se surpreendia no final. Mas o tempo passa, e aos poucos um a um os amigos dela foram deixando de aparecer, pois já não havia mais piadas novas, ou brincadeiras para um velho fantoche apresentar, aos poucos passou a ser retirado uma vez na semana, uma vez ao mês, uma vez ao ano, até que se viu preso por um longo tempo novamente, anos se passaram sem que sua maleta fosse aberta, já não sabia ao menos se lembravam de sua existência.

Porém quando já acreditava estar ali a tempo suficiente para nunca mais ver a luz, ouviu sua maleta ser aberta, a felicidade lhe brotava, mesmo que imperceptível aos olhos de quem fosse uma mulher, mais de 30 anos ao lado de uma garotinha que lembrava muito a sobrinha de seu primeiro mestre, esta que sorria com o mesmo brilho no olhar, mas como? Como aquela menina ficou mais nova, isto não faz sentido algum, então percebeu que estava sendo entregue a ela... sua alma palpitava, mas não do mesmo jeito, ele observou a mulher mais velha e viu dela uma lágrima escorrer, e ao cair no chão tal lágrima ele reconheceu aquele sorriso, que tantas vezes havia visto, era sua pequena dona, ela estava de pé, tão bela, aquela jovem deveria ser sua filha, agora tudo começava a fazer sentido, ele ganhava uma nova dona, sua alma deveria mudar-se para a jovem garotinha, até o dia que seria novamente esquecido, esperando um novo alguém chegar, é um ciclo vicioso estranho, mas para ele estava bom, pois sabia que mesmo no escuro por muito tempo, um dia iria voltar a ver a luz e um belo sorriso, e quem sabe até mesmo um público, para quem pudesse ao menos mais uma vez se apresentar.

6 comentários:

  1. esse Hugo é foda mesmo, textos muito bons. :D

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  2. Caraca... esse ai sim pode falar, que mesmo num Túnel, escuro, vazio e apavorador... mesmo com tudo isso, anda vai existir uma luz no final! ^^x

    muito bom =D

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  3. ^^ realmente muito bom.
    pelo que eu entendi a luz não surge no 'final do túnel' O.o. Ela vai e volta durante todo o percurso, assim como pessoas tem bons e maus momentos.

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  4. Nossa acabei de acordar, e lí seu post.
    Goatei, muito e muito *-*

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